HQ TERRITÓRIO NEUTRO | DEMOLIDOR 60 ANOS : O HOMEM SEM MEDO RENASCE

Por Adilson Carvalho & Leandro “Leo” Banner

Em 1993, a Marvel decidiu revisitar a origem do Demolidor depois de vários retcons e detalhes novos inseridos desde que Frank Miller iniciou sua jornada com o personagem desde 1979. Quem melhor do que o próprio Frank Miller para ficar à frente da minisérie Demolidor – O Homem Sem Medo, espécie de ano zero capaz de atrair novos leitores, e ainda atiçar os fãs que acompanhavam as histórias há décadas. Para os desenhos, a Marvel contratou John Romita Jr, que havia sido co-responsável por uma ótima fase ao lado de Ann Nocetti. A mini, em 5 capítulos, foi um sucesso conseguindo conectar a história original imaginada por Stan Lee e Bill Everett à tudo que Miller desenvolvera posteriormente. Apesar disso os anos 90 não foram muito criativos com o personagem e parecia não levar a lugar algum. Ao menos até que Kevin Smith, o cineasta de filmes como O Balconista (1994) e Barrados no Shopping (1995), fã de quadrinhos e cultura pop, assumiu o título do Demolidor, relançado sob o selo Marvel Knights. A ideia da Marvel era procurar novas abordagens com personagens que não estavam vendendo bem. Smith se juntou aos desenhistas Joe Quesada e Jimmy Palmiotti e produziram o arco O Diabo da Guarda, que redefiniu o rumo das histórias que se seguiram. Em 8 edições, Smith trouxe de volta Karen Page só para matá-la, assassinada pelo Mercenário. Além disso, o Homem sem Medo se vê em uma situação inusitada, proteger um bebê que supostamente seria o anti-cristo. Com a saída de Kevin Smith, David Mack assume o título mostrando Matt ainda deprimido com a morte de Karen, e colocando toda a sua energia na construção de seu escritório de advocacia. Enquanto isso, ficamos sabendo de uma mulher surda, Maya Lopez, cujo pai foi morto quando ela era criança, apelidada Eco, e capaz de replicar qualquer ação que visualizar, incluindo estilos individuais de luta. As histórias que se seguem mostram Wilson Fisk manipulando Maya para que ela mate o Demolidor.

Fase Brian Michael Bendis & Alex Mallev

Em 2001, ganha destaque Demolidor Amarelo (Daredevil Yellow), minisérie de Jeff Loeb e Tim Sale revistando os primeiros meses do herói antes de assumir seu visual vermelho. Em dezembro começa um divisor de águas na trajetória do herói com a chegada da equipe Brian Michael Bendis e Alex Mallev a partir de Daredevil #26. Com uma linguagem visual embebida na estética noir, Bendis e Mallev quebram o paradigma da identidade secreta e revelam para o mundo que Matt Murdock era o Demolidor, mudando para sempre a forma como o vigilante operava. Além disso, a dupla criativa fez o Rei do Crime ser espancado aparentemente até a morte; deu um confronto incrível para Demolidor e Mercenário, com Matt esculpindo uma cicatriz em forma de alvo na testa do assassino – e tudo isso pelo ponto de vista de Ben Urich, personagem coadjuvante essencial na mitologia do herói.

Fase Mark Waid

Depois de 55 edições virando a vida do demolidor de cabeça para baixo, Brian Michael Bendis se despede e chega a equipe criativa Michael Lark e Ed Brubaker a partir de Daredevil #82 (abril de 2006). O roteirista dá continuidade ao tom de tragédia da fase Bendis / Mallev, jogando-o na prisão, ao lado de todos os criminosos os quais ele mesmo ajudou a prender. E mesmo a nova esposa de Matt, Milla Donovan, uma mulher cega que trouxe esperança para o mundo sombrio de Matt, sofre sendo levada à loucura pelo Senhor Medo e o Rei do Crime. Depois da fase Andy Diggle, que transformou Matt Murdock em um senhor do crime, o personagem recebe novo frescor com a chegada de Mark Waid e Paolo Rivera. Vencedor do prêmio Eisner (o Oscar dos quadrinhos), o novo título, reinicializado do zero, traz maior leveza ao personagem, sem ignorar as equipes predecessoras mas conduzindo o herói para um horizonte mais otimista. Outra coisa é que o herói sai um pouco mais do campo urbano, característica mais marcante desde a era Miller, e volta a ser incluído de forma mais abrangente ao Universo Marvel interagindo com outros heróis e vilões como o Mancha, o Garra Sônica, e até mesmo o Surfista Prateado. Depois de 18 edições com Waid, vem a fase Charles Soule e Ron Garney que volta com o personagem às suas raízes, na Cozinha do Inferno, e ainda trazem de volta a identidade secreta do personagem, estipulando que mais uma vez ninguém sabe que Matt Murdock e o Demolidor são a mesma pessoa. As fases seguintes de Chip Zdarsky e Jed McKay trouxeram o personagem para uma nova geração de leitores e somente o futuro dirá o que virá em seguida.

Na semana que vem encerramos a celebração dos 60 anos do Demolidor com as versões live action do homem sem medo. Estejam aqui comigo.

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