ISTO É FATO… NÃO FITA! “QUANDO PENSO EM JESUS, É O SEU ROSTO QUE ENCONTRO”.

Por Paulo Telles

E Vamos para mais um caso em Isto é Fato… Não Fita!

Detentor das superproduções por excelência e famoso por produzir grandes espetáculos cinematográficos no gênero épico ou bíblico, o nome de Cecil B.DeMille (1881-1959) é sinônimo de opulência e ostentação na história de Hollywood. Os Dez Mandamentos (versões de 1923 e 1956) e Sansão e Dalila (1949) são exemplares que registram o talento deste grande cineasta que, como nenhum outro diretor, sabia mover multidões em cenas que pudessem exigir capacidade com número considerável de figurantes. 

Filho de Henry Churchill DeMille (1853-1893), dramaturgo e pastor presbiteriano, Cecil foi criado em um lar onde a Bíblia Sagrada exercia nele grande influência, influência não só religiosa como também artística. Mais tarde, tamanha influência ajudaria o futuro cineasta a elaborar juntamente com seus colaboradores grandes roteiros com base em contos bíblicos. Certa vez, perguntaram a Cecil do porquê de ele gostar de rodar dramas religiosos. E o diretor respondeu:

Bem, a Bíblia sempre foi um Best Seller no decorrer dos séculos. Ora, por que iria eu desperdiçar dois mil anos de publicidade gratuita?

Em 1927, DeMille realizou O Rei dos Reis (The King Of Kings) pela Paramount e ainda na fase silent do cinema, considerada uma das obras cinematográficas mais importantes da iconografia cristã. Durante sua produção, DeMille impôs no set de filmagem um clima de retiro religioso, impondo sua equipe técnica e os atores a assistir as missas celebradas todas as manhãs antes das rodagens. E não só bastou isso, pois fez questão de rodar a cena da Paixão de Cristo na noite de Natal. O efeito, na época, chegou a comover.

Cecil B. DeMille também impôs nos contratos dos atores e atrizes principais que estes viessem a se comportar decentemente em público fora das filmagens. Segundo o contrato imposto, eles não poderiam ser vistos com bebidas alcoólicas, dirigindo carros caros e nem frequentar bares ou estabelecimentos de entretenimento duvidoso, e isto tudo para não “comprometer suas imagens santas” perante a plateia que certamente iria assistir ao filme religioso.  E este contrato valia principalmente para o ator inglês H.B.Warner (1876-1958), o intérprete de Jesus Cristo. Warner tinha mais de 50 anos de idade quando interpretou o Redentor da Humanidade (segundo a tradição cristã, Jesus morreu na cruz aos 33 anos) e havia saído de um escândalo extraconjugal, que o próprio diretor DeMille ajudou a resolver antes mesmo que pudesse iniciar as filmagens. B.Warner foi um dos pioneiros a retratar icônicamente no cinema o rosto de Cristo. O Rei dos Reis de DeMille foi um estrondoso sucesso de crítica, público e bilheteria. Anos mais tarde, um jovem padre católico abordou B.Warner e lhe confidenciou:

Vi o senhor no filme quando eu era menino. Hoje, toda vez que penso em Jesus, é o seu rosto que encontro.  

Um caso sobre a Velha Hollywood no século passado em pauta nos nossos registros, afinal, Isto é Fato… Não Fita!

“Isto é Fato… Não Fita! “ Era um quadro do extinto programa Cine Vintage, pela Web Rádio Vintage.

Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.

https://cineretroboavista.blogspot.com/

Deixe um comentário