LOUCURAS DE MEL BROOKS: QUE DROGA DE VIDA

Por Adilson Carvalho

O filme menos Mel Brooks da carreira de Mel Brooks foi lançado três anos depois de S.O.S Tem um Louco à Solta no Espaço (Spaceballs). A principio a ideia era parodiar Wall Street Poder & Cobiça (1987), mas o roteiro de Mel, escrito em conjunto com Rudy De Luca e Steve Haberman, foi reescrito sob a forma de uma comédia dramática, distante do estilo paródico que fez Mel famoso, e talvez por isso mesmo tenha decepcionado parte do público que esperava uma coisa e recebeu outra. Mesmo o título foi modificado já que inicialmente seria chamado Life Sucks, mas os censores do estúdio acharam que ficaria muito grosseiro e mudou para Life Stinks. Na historia, Mel Brooks interpreta Goddard Bolt, um bilionário que aposta ser capaz de sobreviver por um mês na periferia sem dinheiro algum. Ele se apaixona por uma mendiga (Leslie Ann Warren), mas tudo é mais difícil do que ele previa, e o homem com quem apostou está determinado a ganhar a aposta de qualquer jeito. O resultado final deixou o filme mais próximo das comédias existencialistas de Frank Capra (1897-1991), mas não sustenta o toque crítico e inspirador que marcou filmes como Adorável Vagabundo (1941) ou Do Mundo Nada se Leva (1938). Não que o filme seja ruim, mas Brooks não alcança o mesmo nível de criatividade de, por exemplo, Primavera Para Hitler (1967). Na verdade não era o primeiro filme do diretor fora do estilo que o tornou famoso. Em 1970, em Banzé na Rússia Mel desenvolveu uma história completamente diferente do que se tornou sua filmografia. Que Droga de Vida agradou Mel mesmo assim, que disse que é seu filme favorito, vindo a se tornar seu último trabalho atrás das câmeras até hoje. Na época Que Droga de Vida foi exibido no Festival de Cannes, embora fora da mostra competitiva. Foi o primeiro de dois roteiros feitos por Steve Haberman com Mel Brooks, sendo o seguinte uma volta ao mundo das paródias, nosso próximo artigo direto da Transilvânia.

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