ESPECIAL | AS PRIMEIRAS VERSÕES LIVE ACTION DE BATMAN, CINEMA E TV

Por Adilson Carvalho e Paulo Telles (direto da Bat-Caverna!)

Bob Kane e sua criação

A relação de Batman com o cinema remonta aos primórdios da sétima arte. A ideia de um herói baseado na figura assustadora de um quiróptero (morcego) partiu do desenhista Bob Kane (1915-1998) que tirou-a (reza a lenda!)   do filme The Bat Whispers, um thriller de 1930 sobre um mestre do crime que aterroriza os ocupantes de uma mansão. Já o Coringa, arqui-inimigo do herói mascarado foi inspirado na figura de Conrad Veidt (1893-1943, o Major Strasser de Casablanca, do diretor Michael Curtiz) no filme expressionista O Homem que Ri (The Man Who Laughs, de 1928, que adapta de Victor Hugo (1802-1885) a história de um homem cujo sorriso lhe desfigura o rosto.

Lewis Wison (Batman) e Douglas Croft (Robin)

A primeira adaptação de Batman para as telas foi um seriado em 15 capítulos, produzido pela Columbia em 1943, batizado no Brasil de O Morcego (The Batman). Na história, Batman (Lewis Wilson,1920-2000) e Robin (Douglas Croft, 1926-1963) enfrentam o maligno Dr.Daka (o sensacional J. Carrol Naish, 1896-1973), um espião japonês que transforma as pessoas em escravos de Hitler. Tudo bem ao sabor da época em que os heróis da ficção eram jogados contra o mal representado pelas forças do eixo. Apesar das críticas, o personagem ganhou um segundo seriado em 1949, também dividido em 15 capítulos, entitulado A Volta do Homem-Morcego (Batman and Robin) onde a dupla dinâmica aparece personificada respectivamente  por Robert Lowery (1913-1971) e Johnny Duncan (1923-2016). O inimigo desta vez  é o terrível vilão mago que rouba diamantes para produzir um poderoso combustível.

Robert Lowery (Batman) & Johnny Duncan (Robin)

O herói, no entanto, ficaria marcado na memória afetiva de muita gente, inclusive destes dois escribas, graças ao seriado de TV “Batman” produzido “em cores” por William Dozier (1908-1991) em 1966 para a ABC, detonando a primeira Batmania e chegando a aparecer na capa da revista “Life” em Janeiro do referido ano. O tom de aventura, no entanto, era diluído pelo mais puro deboche e nonsense com Bruce Wayne ganhando a forma do barrigudinho Adam West (1928-2017), acompanhado do seu pupilo Dick Grayson (Burt Ward) o impagável menino prodígio e suas santas exclamações. Muitos se equivocam ao julgar o seriado de TV. De fato, ele distorce a persona amargurada e as habilidades investigativas do herói. Mas, é o produto de uma época e assim deve ser analisado. O maior destaque ficava, no entanto, para a marcante galeria de vilões personificada por grandes artistas da época : Cesar Romero (galã de diversos filmes Hollywoodianos nos anos 40 e 50) como o Coringa, Burguess Meredith (ator de currículo prolífico nas telas) como o Pinguim, Otto Preminger (diretor de cinema) como Mr. Freeze, Liberace (o grande pianista) como Chandell, e entre tantos outros dignos de menção, Julie Newmar, a primeira Mulher-Gato, cuja sensualidade mexia com os alicerces do herói mascarado e com a garotada que assistia ao seriado.

Adam West e Burt Ward no clássico seriado pela TV dos anos de 1966 a 1968

O sucesso na TV levou para o cinema o filme Batman, o Homem Morcego, de Leslie H. Martinson (1915-2016) no final de 1966. O seriado televisivo ainda resgatou a personagem da Tia Harriet (Madge Blake, 1899-1969), que nas hqs era originalmente tia de Dick Grayson (Detective Comics #328) e o fiel mordomo Alfred (Alan Napier, 1903-1988) que na época de produção da série não aparecia nos gibis porque havia morrido nas HQs. Na terceira temporada, a audiência já declinava quando Dozier introduziu Yvonne Craig (ex bailarina que atuou também ao lado de Elvis Presley e falecida em 2015) como Barbara Gordon, a Batgirl , que era filha do Comissário (o veterano Neil Hamilton, 1899-1984) e auxiliava os heróis na luta contra o crime. O clima das HQs é reforçado pelas onomatopeias coloridas que invadem a tela nas cenas de briga e a contagiante música tema de Neal Hefti (que trabalhou como arranjador de Frank Sinatra). Depois de 120 episódios que reproduziam o clima dos antigos seriados com as dramáticas chamadas que serviam de gancho entre um episódio e outro : “Conseguirão nossos heróis escapar da terrível armadilha? Não percam a continuação, mesma bat-hora, mesmo bat-canal!”

Adilson Carvalho & Paulo Telles assinam este orgulhoso “Bat-Artigo”!

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