Por Paulo Telles
Ele é um cowboy educado, asseado, inteligente e muito culto. Difícil de acreditar tendo em vista os costumes rústicos do Velho Oeste, mas é desta forma que a série de televisão Paladino do Oeste (Have Gun – Will Travel) retrata seu protagonista. Levada ao ar originalmente nos Estados Unidos entre os anos de 1957 a 1963, ainda do tempo em que a TV era à lenha, chegou ao Brasil em 6 de setembro de 1960, sendo transmitida no Rio de Janeiro pela finada TV Rio, Canal 13, integrando a faixa nobre das 21h30 pela Sessão Ford na TV. No ano seguinte, a série foi para São Paulo, pela TV Record, com dublagem da Ibrasom (dublagem hoje perdida!), então empresa muito conceituada no ramo. Esta versão foi ao ar até 1965, quando a série já era exibida pela extinta TV Excelsior de São Paulo.
Ronaldo Baptista (1933-2012) foi o primeiro dublador do personagem pela Ibrasom (Baptista é o mesmo que emprestou sua voz a Richard Basehart em Viagem Ao Fundo do Mar, pela AIC São Paulo). Chegando o início dos anos de 1970, a dublagem de Paladino do Oeste chegou aos estúdios da Cine-Castro, a partir da sua terceira temporada, sendo daí exibida pela TV Tupi, Canal 6, no Rio de Janeiro, servindo na galeria de atrações do saudoso Wilson Viana (1928-2003) em seu Clube do Capitão Aza, sempre no horário das 15 horas, entre os anos de 1972 a 1973. O personagem foi dublado por Amauri Costa (1929-1995) pela Cine -Castro. Em 1974, a série imigrou para São Paulo pela TV Gazeta, ficando no ar até 1976. Somente voltou ao ar doze anos depois, em 1988, com a breve reabertura da TV Rio no Rio de Janeiro, até 1990 quando a emissora definitivamente saiu do ar, indo para a TV Gazeta de São Paulo, sendo rexibida entre 1991 e 1992. Desde então, nunca mais foi reprisada, nem por canais abertos, nem por canais por assinatura.
A série foi um marco na TV mundial. Estrelada por Richard Boone (1917-1981), notório astro de cinema geralmente conhecido por interpretar vilões, Paladino do Oeste tinha como cenário principal um hotel de San Francisco, Califórnia. Era um pistoleiro de aluguel que acompanhava a leitura dos jornais do dia, tinha um criado chinês e, de quebra, gostava de distribuir seu cartão de visitas com os dizeres: Tenho arma, posso viajar
O fato é que a série revelou ou consagrou roteiristas (como Rod Serling e Gene Roddenberry), diretores (Andrew V. MacLaglen e Lewis Millestone), atores e atrizes (Charles Bronson, James Coburn, Peter Falk, George Kennedy, Geraldine Brooks, Valerie French) que vieram a participar de mais de 200 episódios produzidos em preto & branco.
Paladino do Oeste formou várias gerações de fãs, a exemplo de *Paulo Telles e Saulo Adami que foram muito além da pesquisa em torno dos bastidores desta icônica produção, pois tudo é contado através do livro Paladino do Oeste, de fã para fã (Editora Estronho, Curitiba 2018). Foi reconstruída a trajetória do personagem (antes da escolha de Richard Boone para o papel, Randolph Scott era a primeira opção dos produtores), pesquisaram suas aventuras em versões radiofônicas, livros e até mesmo histórias em quadrinhos (no Brasil, foram publicados pela EBAL– Editora Brasil-América), além de uma rápida incursão sobre a trajetória dos filmes de Western ao longo de cem anos de cinema.
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Assista a um episódio completo de PALADINO DO OESTE no canal TV CLÁSSICOS, via Youtube
*Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.
https://cineretroboavista.blogspot.com/
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