Por Adilson Carvalho
Ator, roteirista e cineasta norte-americano, Gene Wilder é um dos mais talentosos artistas de sua época. Hoje se vivo estivesse completaria 91 anos. Iniciou sua carreira nos palcos e estreou nas telas em um episódio da série de TV The Play of the Week, em 1961. Seu primeiro papel no cinema foi o de um refém no filme Bonnie and Clyde – Uma Rajada de Balas (Bonnie & Clyde), de 1967. Seu primeiro papel importante no cinema foi o de Leopold Bloom no filme Primavera Para Hitler (The Producers), de 1967, pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Foi o primeiro de uma série de colaborações com o escritor/diretor Mel Brooks, seguido de Banzé no Oeste (Blazzing Saddles) e Jovem Frankenstein (Young Frankenstein), que Wilder co-escreveu e rendeu à dupla uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Ele também estrelou o filme Tudo que Você Sempre quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar (Everything You Always Wanted to Know About Sex But Were Afraid to Ask) (1972), de Woody Allen.
Wilder ficou conhecido também por atuar em parceria em algumas comédias com o comediante Richard Pryor em quatro filmes O Expresso de Chicago (1976), Loucos de Dar Nó (1980), Cegos, Surdos e Loucos (1989) e Um sem Juízo, Outro sem Razão (1991). Ele estava pronto para se reunir com Pryor também em Trocando as Bolas (1983), até que este desistiu. Quando Eddie Murphy foi escalado, ele pediu que Wilder fosse substituído, pois não queria parecer um substituto ruim de Pryor. O que muitas pessoas erroneamente é que Wilder e Pryor fossem grandes amigos, o que foi desmentido por Gene tempos depois.
Interpretou o icônico Willy Wonka na primeira versão de A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971). Sua atuação como Willy Wonka está em 38º lugar na lista dos 100 Maiores Personagens de Filmes de Todos os Tempos da revista Premiere. Apesar de não ter agradado a Road Dhal, o autor do livro A Fantástica Fábrica de Chocolate, sua interpretação como Willy Wonka ainda guarda um grande impacto, sendo constantemente apontado como sua encarnação perfeita. No início de 2001, Wilder estava fazendo compras em um supermercado perto de sua casa em Stamford, Connecticut, quando uma mãe se aproximou dele e perguntou se ela poderia contar aos filhos quem ele era. Gene respondeu: “Sim, se você prometer não dizer em voz alta”. A mãe sussurrou para seus filhos: “Esse é o Willy Wonka!”. Ela então se virou para Wilder e disse: “Que legado!”. Atuou com Harrison Ford no filme O Rabino e O Pistoleiro. Em sua autobiografia, Gene Wilder diz que foi oferecido a John Wayne o papel que acabou sendo interpretado por Harrison Ford. Wayne adorou o papel e estava ansioso para trabalhar com Wilder. No entanto, um agente tentou oferecer a Wayne menos do que sua remuneração habitual e o lendário ator recusou o filme. Isso pode ser verdade, mas é pouco provável. Em 1979, Wayne estava doente demais com câncer de estômago para pensar em trabalhar no cinema e morreu no final daquele ano em decorrência da doença.
Além de O Jovem Frankenstein (1974), Gene Wilder escreveu outras comédias. Em 1975 fez o roteiro de O Irmão Mais Esperto de Sherlock Holmes (The Adventure of Sherlock Holmes’s Smarter Brother) e pediu a Mel Brooks que dirigisse esse filme. Brooks recusou, afirmando que teria dificuldade em dirigir um roteiro que não fosse de sua autoria. Gene Wilder disse: “Não consegui convencer Mel a dirigi-lo”. Brooks disse, no entanto, que Wilder deveria ele próprio dirigí-lo, fazendo assim sua estreia atrás das câmeras. No ano seguinte fez O Maior Amante do Mundo (The World’s Greatest Lover) onde interpreta o padeiro Rudy Hickman, que entra num programa de caça de talentos na Hollywood dos anos 1920, e se vê prestes a se tornar o novo Rudolph Valentino. O filme é uma homenagem à era dos filmes mudos e aos primeiros galãs do cinema. Gene havia concebido a ideia para esse filme no final de 1975, quando Wilder disse ao seu amigo, o designer de produção Terence Marsh, que gostaria de interpretar o sósia de Rudolph Valentino, com Valentino desempenhando um papel secundário e silencioso de apoio ao seu personagem principal substituto. Marsh adorou o conceito, e Wilder começou a desenvolver o filme. O ator também trabalhou na adaptação de O Pequeno Príncipe (1974) aparecendo como a raposa e em Hanky Panky – Uma Dupla em Apuros (1982) dirigido por Sidney Poitier, que foi inicialmente planejando como sendo mais um filme da parceria com Richard Pryor, mas este se recusou. O filme veio a ser um fracasso de bilheteria mas foi nele que Gene viria a conhecer a atriz Gilda Radner, com quem viria a se casar algum tempo depois. O maior sucesso comercial do ator aconteceria em 1984 com A Dama de Vermelho, refilmagem da comédia francesa Pardon Mon Affaire. Gene escreveu, dirigiu e protagonizou como o executivo Ted Pierce, um homem pacato e casado, sempre andou na linha… até conhecer a modelo Charlotte (Kelly LeBrock), de pernas maravilhosas e um visual irresistível e sexy. O que Teddy não pode antever são as hilárias complicações que ocorrem quando seus amigos, sua secretária e o marido de Charlotte se envolvem na história. O filme levou o Oscar de melhor canção para Stevie Wonder por I Just Called to Say I Love You. Pouco depois dirigiria seu último filme, a comédia Lua de Mel Assombrada (Haunted Honeymoon), que viria a ser também o último filme de Gilda Radner, que morreria de câncer em 1989. Em 2005, Gene Wilder lançou uma autobiografia desde sua infância até a morte de sua esposa, chamada Kiss Me Like A Stranger. O ator fez várias participações na TV ao longo da década de 90, se afastando do cinema. Morreu aos 83 anos em Stamford, Connecticut, devido a complicações do mal de Alzhemier, no dia 29 de agosto de 2016. Uma de suas músicas favoritas de todos os tempos era “Over the Rainbow”, especialmente a versão cantada por Ella Fitzgerald. De acordo com sua família, quando Wilder estava deitado em seu leito de morte, o tocador de música (que estava programado para tocar aleatoriamente) mudou para essa canção. Wilder então sorriu, fechou os olhos e faleceu pacificamente.
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