CINEMACOMMUSICA | LA BELLE DE JOUR

Por Adilson Carvalho

à esquerda Catherine Deneuve, Alceu Valença e à direita Jaqueline Bisset

Imaginem confundir duas atrizes famosas, fazer uma canção e descobrir somente depois. Pois foi isso que aconteceu com Alceu Valença. O cantor passou o ano de 1979 na França, em autoexílio com artistas como Raul Seixas e Jards Macalé, durante o período da ditadura militar no Brasil naquela época. Em sua estadia francesa, fez muito sucesso e gravou até um disco, chamado Saudade de Pernambuco (1979). Como adorou o país, Alceu voltou à França em 1986 para um festival. Após a apresentação, foi a um bar com um produtor. Lá, Alceu esteve em um café da Rive Gauch e entregou um poema em branco à atriz britânica morena Jacqueline Bisset, de clássicos como Bullit, Aeroporto e outros. Impressionado com a beleza da estrela, ambientou a musa existencialista na Praia de Boa Viagem, em Recife. Entretanto, confundiu as musas, ao tentar homenagear Bisset e colocou o nome da música pelo mesmo nome do filme La Belle De Jour, conhecido no Brasil como A Bela da Tarde, de 1967. Seria perfeito a escolha do nome, mas o longa não é estrelado por Jacqueline Bisset, mas sim pela atriz francesa Catherine Deneuve! No filme, dirigido por Luis Buñuel, e com roteiro baseado na obra de Joseph Kessel, Catherine Deneuve é Séverine, uma dona de casa parisiense que trabalha secretamente como prostituta. Ela só pode atender seus clientes no período em que seu marido trabalha e, por esse motivo, adota o codinome de Bela da Tarde. O filme ganhou o Leão de Ouro e o Prêmio Pasinetti de Melhor Filme no Festival de Cinema de Veneza em 1967. Em 2010, Belle de Jour foi classificado em 56º lugar na lista dos 100 melhores filmes do cinema mundial da revista Empire. Um encontro inusitado mas que gerou uma belíssima canção.

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