GALERIA DE ESTRELAS | DEAN MARTIN

Por Adilson Carvalho

Um dos mais influentes artistas do século XX, tanto na música, na televisão, e no cinema. Um dos poucos atores que receberam não apenas uma, mas três estrelas na Calçada da Fama de Hollywood: uma para filmes, no 6519 Hollywood Boulevard, uma para televisão, no 6651 Hollywood Boulevard, e uma terceira para sua carreira fonográfica. Sua voz suave embalou o romantismo por décadas, como um dos grandes representantes da tradição dos crooners. Seu nome de batismo é Dino Paul Crocetti, mas o mundo o conheceu como Dean Martin, que se vivo estivesse faria hoje 107 anos.

Martin nasceu em 7 de junho de 1917, em Steubenville, Ohio, filho de pai italiano, o barbeiro Gaetano Alfonso Crocetti (1894-1967) e mãe ítalo-americana Angela Crocetti. O primeiro idioma de Martin foi o italiano e ele não falava inglês até começar a frequentar a escola aos cinco anos de idade. Martin frequentou a Grant Elementary School em Steubenville, onde sofria bullying por causa de seu inglês deficiente. Ele acabou abandonando a Steubenville High School porque, de acordo com o próprio Martin, achava que era mais inteligente do que seus professores. Dai em diante fez de tudo um pouco: Contrabandeou bebidas alcoólicas, trabalhou em uma usina siderúrgica, foi crupiê em um bar clandestino, além de ter sido um boxeador peso-médio ganhando o apelido de Kid Crochet quando ainda tinha 15 anos. Alguns anos mais tarde quando abandonou o boxing de vez mudou seu nome para Dino Martini, e começou a cantar em clubes e bares influenciado pela carreira de Perry Como e dos Mills Brothers. Com 24 anos casou-se com Elizabeth “Betty” Anne McDonald com quem ficou casado por 8 anos e com quem teve 4 filhos. Martin então se casou com Dorothy Jean “Jeanne” Biegger, ficando 24 anos casado e com quem teve três filhos. Menos de um mês após a dissolução de seu segundo casamento, Martin, aos 55 anos, casou-se com Catherine Hawn, de 26 anos, em 25 de abril de 1973. Hawn era recepcionista do elegante salão de beleza Gene Shacove, em Beverly Hills, mas divorciaram-se três anos depois.

Martin atraiu a atenção da Metro-Goldwyn-Mayer e da Columbia Pictures, mas não conseguiu um contrato com Hollywood. Foi quando conheceu o comediante Jerry Lewis no Belmont Plaza Hotel, na cidade de Nova York, em agosto de 1944. De acordo com Lewis, os dois se conheceram inicialmente no saguão, onde Martin se aproximou dele e disse: “Ei, eu vi seu show, você é um garoto engraçado.” Martin e Lewis formaram uma amizade rápida que os levou a participar dos shows um do outro formando oficialmente uma dupla no 500 Club de Atlantic City, em 24 de julho de 1946, mas não foram bem recebidos. O proprietário, Skinny D’Amato, avisou-os que, se não apresentassem um número melhor para o segundo show daquela noite, seriam demitidos. Reunidos em um beco atrás do clube, Lewis e Martin concordaram em “ir à falência” e dividiram sua apresentação entre canções, esquetes e material improvisado. Martin cantava e Lewis se vestia de ajudante de garçom, deixando cair pratos e fazendo uma bagunça na apresentação de Martin e no decoro do clube, até que Lewis foi expulso da sala quando Martin o atacou com pãezinhos. O sucesso os levou a uma apresentação no Copacabana de Nova York. Basicamente as apresentações consistiam de Lewis interrompendo e importunando Martin enquanto ele tentava cantar, e os dois acabaram correndo um atrás do outro pelo palco. Foi assim que as telas receberam a dupla, contratada por Hal B. Wallis da Paramount para serem o alívio cômico no filme Minha Amiga Irma (1949) recebendo apenas $75,000 e começando uma parceria cinematográfica que se seguiu com Minha Amiga Maluca (1950), O Palhaço do Batalhão (1950), O Filhinho de Papai (1951), O Biruta e o Folgado (1951), O Marujo Foi na Onda (1952), Os Malucos do Ar (1952), De Tanga e Sarongue (1952), Morrendo de Medo (1953), Sofrendo da Bola (1953), A Barbada do Biruta (1953), A Farra dos Malandros (1954), O Rei do Circo (1954), O Meninão (1955), Artistas e Modelos (1955), O Rei do Laço (1956) e Ou Vai ou Racha (1956).

Dean canta That’s Amore

Foi durante a gravação de Sofrendo da Bola (The Caddy), em 1953, que Dean gravou a canção que se tornaria sua assinatura, a balada That’s Amore, composta por Harry Warren e Jack Brooks. A canção chegou a ser indicada ao Oscar no ano seguinte, mas perdeu para Secret Love de Ardida Como Pimenta. Segundo reza a lenda teria sido Jerry Lewis quem pediu que a canção fosse composta para Dean. Ao longo dos anos seguintes, Dean atuou ao lado de Jerry Lewis e gravou várias canções para os filmes que fizeram juntos, entre elas a belíssima Innamorata, também composta por Warren e Brooks, para o filme Artistas & Modelos (Artists & Models) de 1955. Depois de 17 anos, a dupla se separou Apesar da lenda de que ele e seu parceiro de comédia Jerry Lewis sempre se desprezaram, os dois eram, na verdade, amigos muito próximos e a tensão entre eles só começou em 1956, quando “pessoas de fora” (como Lewis as chamou para Peter Bogdanovich) começaram a “envenenar” Martin contra Lewis. Coube a Frank Sinatra reunir a dupla depois de mais de 20 anos, durante um Teleton da MDA em 1976 apresentado por Jerry. Nos dez anos seguintes eles se tornariam próximos novamente.

Dean e Jerry se reencontram no Telethon

O primeiro filme solo de Martin, Dez Mil Alcovas (Ten Thousand Bedrooms) de 1957, foi um fracasso de bilheteria. Embora a canção Volare tenha alcançado a 15ª posição nos Estados Unidos e a 2ª no Reino Unido, a era do crooner pop estava diminuindo com o advento do rock and roll. Martin queria se tornar um ator dramático, conhecido por mais do que filmes de comédia pastelão. Embora tenha recebido uma fração de seu salário anterior para atuar em um drama de guerra, Os Deuses Vencidos (The Young Lions) de 1958, ao lado de Marlon Brando e Montgomery Clift. Martin começou uma forte amizade com Montgomery Clift,, um dos atores mais respeitados de sua geração, que ajudou Martin em seu papel. Eles fizeram falas juntos e, durante a sequência da festa, quando percebeu que Martin estava nervoso, Clift se escondeu embaixo do piano e começou a fazer cócegas na perna de Martin, até que ele teve um ataque de riso. Martin apelidou Clift de Spider, por causa dos gestos extravagantes que Clift fazia quando falava. Outra atuação notável foi a do delegado alcoolotra feito por Dean no Western Onde Começa o Inferno (Rio Bravo) de 1959, dirigido por Howard Hawks, com John Wayne e Ricky Nelson. Dean Martin era conhecido por fingir estar ligeiramente bêbado em seus shows, sendo visto regularmente com um copo de suco de maçã para parecer bebida alcoólica. Certa vez, quando apareceu no The Perry Como Show (1948), ele mencionou que estava fazendo um faroeste estrelado por John Wayne e que era dirigido por Howard Hawks. Ele então disse que estava fazendo o papel do delegado bêbado e sujo. Em seguida, em tom de brincadeira, disse: “Por que me escolheram, eu não sei, amigo”.

Dean integrou a célebre gang conhecida com Rat Pack, um grupo também formado por Frank Sinatra, Sammy Davis, Jr., Peter Lawford e Joey Bishop que realizaram algumas atividades artísticas em conjunto na década de 1960. Juntos fizeram Onze Homens & Um Segredo (1960), Os Três Sargentos (1962), Robin Hood de Chicago (1964) e Vamos casar Outra Vez (1965). Foi nesse período que a imagem de bon vivant do ator mais proliferou através de vários shows em Las Vegas, e uma série de filmes leves que perpetuavam sua imagem de conquistador. Em 1964, gravou outra canção icônica em sua carreira Everybody Loves Somebody, introduzido anos mais tarde no Hall da Fama do Grammy e que superou os Beatles vindo a se tornar o hit nº 1 nos Estados Unidos por uma semana. No ano seguinte estreou na TV com o programa de variedades The Dean Martin Show, um sucesso durante nove anos., que não ajudou em nada a fixar sua imagem para papeis sérios no cinema, mas que fortaleceu seu status de celebridade, criando um retrato cômico de sua vida , que muitos espectadores nunca perceberam que era apenas uma encenação. Ainda assim não largou o cinema fosse fazendo comédias como Quem Era Aquela Pequena? (1960) com Janet Leigh e Tony Curtis, Quem Andou Dormindo em Minha Cama ? (1963) com Elizabeth Montgomery, Beija me Idiota (1965) – em que ele basicamente está interpretando a si mesmo – e Westerns como Os Filhos de Katie Elder (1965), voltando a trabalhar com John Wayne. Com o boom dos filmes de espionagem provocados pelo sucesso internacional de James Bond, Dean Martin assumiu o papel de espião mulherengo na série de filmes de Matt Helm, adaptado dos livros de Donald Hamilton. Foram quatro filmes de sucesso com O Agente Secreto Matt Helm (1966), Matt Helm Contra o Mundo do Crime (1966), Emboscada Para Matt Helm (1967) e Arma Secreta Para Matt Helm (1968). Depois desse último filme, o ator ficou tão perturbado com o assassinato de Sharon Tate, sua co-protagonista de Arma Secreta contra Matt Helm (1968), em 9 de agosto de 1969, que desistiu de fazer o próximo filme da série “Matt Helm” que se chamaria “The Ravagers” e nunca mais interpretou o personagem.

Os laços de amizade e seu senso de lealdade eram muito fortes em seu caráter. Quando a 20th Century-Fox demitiu Marilyn Monroe como sua co-protagonista em Something’s Got to Give (1962) e tentou substituí-la por Lee Remick, ele lembrou ao estúdio que tinha a aprovação contratual de sua co-protagonista, e se recusou a continuar o projeto sem Monroe. Seu ato de lealdade acabou fazendo com que Marilyn fosse recontratada, mas ela morreu de overdose de drogas antes que as filmagens desse filme, nunca concluído, pudessem ser retomadas. Dean não quis continuar no filme sem Marilyn e abandonou o projeto, se recusando a contracenar com outra atriz. Nove horas de filmagens inéditas do filme permaneceram nos cofres da 20th Century Fox até 1999. O filme foi então editado para incluir algumas das filmagens inéditas, sempre que possível, e restaurado digitalmente, em um filme de 37 minutos. Após 39 anos, ele finalmente estreou no programa “American Movie Classics” da TV a cabo, em 1º de junho de 2001. Ele está disponível em DVD. Em 1970, juntou-se a Burt Lancaster e Jaqueline Bisset em Aeroporto, filme que inaugurou a era dos filmes catástrofes. Durante a década de 70 apareceu em séries de Tv e filmes menores e assim seguiu em frente até que uma tragédia determinou o início do fim para o ator. Seu filho mais velho, Dean Paul Martin (nascido Dino Paul Crocetti Jr.), morreu em um acidente de avião em 21 de março de 1987. Dean passou a beber muito e se afastou do palco. O ator era raramente visto em público sem um copo com bebida e um cigarro. Tal fase seguiu até sua morte. Martin morreu em 25 de dezembro de 1995, aos 78 anos de idade, em sua casa, em Los Angeles (Califórnia, EUA). Segundo informou seu agente Mort Viner, a causa da morte foi “falha respiratória aguda” De acordo com amigos, ele tinha problemas de saúde havia algum tempo. Em seu velório se encontravam uma bandeira italiana, Jerry Lewis e nenhum membro do The Rat Pack. Frank Sinatra alegou estar doente e Sammy Davis Jr. já havia falecido (1990).

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