POLTRONA 6 | ATLAS

Por Adilson Carvalho

Em tempos em que discutimos o uso de inteligência artificial, o roteiro de Leo Sardarian (Startup) e Aron Eli Coleite (Locke & Key) para Atlas consegue ser uma boa diversão. Recém chegado à Netflix, o filme dirigido por Brad Peyton (Viagem 2, Terremoto A Falha de San Andreas) faz uma colagem de elementos que já vimos em O Exterminador do Futuro e na literatura de Isaac Azimov, referência no assunto com Eu Robô. Assim somos apresentados a Atlas Shephard (Jennifer Lopez), uma brilhante analista em contraterrorismo que embora não confie em inteligência artificial, precisa trabalhar com uma quando participa de uma missão para capturar Harlan (Simu Liu, de Shang Chi & A Lenda dos Dez Aneis), um robô rebelde que se rebelou contra a raça humana e se dedica a erradicá-la da face da terra.

O filme exagera nas cenas de batalha, o que pode agradar aos fãs de video game, principalmente a série Titanfall, inspiração óbvia para o roteiro. Já a lâmina que Harlan usa estendendo a de seu punho e, flexionando como um chicote, lembra a arma usada pela personagem de videogame Ivy da série de jogos de luta Soul Calibur. Apesar disso, o filme compensa com vagas divagações filosóficas sobre a natureza humana. Ao longo de sua interação com Smith, a IA de seu traje de batalha, Atlas reluta , discute e teima, mas acaba aceitando mais do que a missão, sua própria humanidade. A personagem de Jennifer Lopez permite que a atriz e cantora transite entre a raiva e a determinação de salvar o planeta mas para isso terá que se reconciliar com as memórias que escondem traumas e segredos.

Simu Liu aparece pouco mas quando o faz se mostra uma ameaça tão letal quanto o andróide de Schwarzenegger em O Exterminador do Futuro. Mesmo sem a profundidade de Blade Runner O Caçador de Andróides (1982), de Philip K. Dick, Atlas ensaia o conflito homem x máquina mas delega a máquina operada pela personagem de J. Lo o papel de consciência e a função questionadora que conduz a trama, até mesmo confrontando a falta de fé da humana e dizendo crer na vida após a morte. A história ainda acrescenta um final bem emocional que rompe com a ação desenfreada e oferece um tom bem hollywoodiano ao filme, que ainda traz no elenco Mark Strong, de Shazam! e Lana Parrilla, a Rainha Má da série Once Upon a Time, produzida entre 2011 e 2018. O filme de Brad Peyton se destaca entre os filmes lançados com esse tema não pelo seu tema já batido mas pela maneira que desenvolve na tentativa de equilibrar ação e emoção, o que nos faz ser de fato humanos, e o alerta de que a humanidade não deveria estar à sombra da máquina, mas de co existir com esta. Disponível na Netflix.

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