VALE A PENA REFILMAR | O PAI DA NOIVA

Por Adilson Carvalho

Uma das comédias mais agradáveis de ser vista e revista já teve três versões diferentes, sendo o remake realizado pela MAX recentemente.

Elizabeth Taylor (A filha) & Spencer Tracy ( O pai)

O casamento de uma filha pode mexer com ciúmes e sentimentos de apego difíceis de lidar, e sempre há uma história a ser contada em uma família. Em 1950, Stanley Banks (Spencer Tracy) começa o filme “O Papai da Noiva” (Father of the Bride) quebrando a quarta parede, recurso narrativo não muito usual nos filmes da época. Sua voz se torna um guia ao falar do enlace matrimonial de sua filha Kay, Elizabeth Taylor já lindíssima aos 18 anos, e o insosso Buckley Dunstan, vivido por Don Taylor, que mais tarde virou diretor de cinema tendo inclusive feito “A Fuga do Planeta dos Macacos” (1971). A confusão entre as famílias do futuro casal, no entanto, envolve não apenas a preocupação com um passo tão importante quanto casamento ou com a falta de maturidade de ambos, mas também tem os gastos e a organização tumultuada do evento. O filme foi dirigido por Vincent Minnelli e veio a ser lançado doze dias depois do casamento real de sua estrela com Conrad Hilton Jr, socialite e herdeiro da famosa rede de hotéis. Spencer Tracy queria Katherine Hepburn, com quem manteve um longo romance na vida real, para o papel de sua esposa, mas os produtores temiam que isso prejudicaria o foco da narrativa que era a relação pai e filha, sendo assim Joan Bennett ficou com o papel. O filme se beneficiou muito da propaganda, estimulada pelo estúdio MGM, em torno da vida pessoal de Liz Taylor e foi um sucesso de bilheteria. Claro que um ano depois viria uma sequência, “O Netinho do Papai” (Father’s Little Dividend) com o mesmo elenco, e repetindo a direção de Minnelli. Este, no entanto, foi uma experiência dolorosa para Dame Elizabeth Taylor já que seu marido na vida real bebia muito e ficava violento. Era um relacionamento abusivo e Liz veio a ser espancada por Hilton, levando-a a um aborto. O resultado foi um divórcio desastroso para a estrela, que precisou cumprir seu contrato com a MGM revivendo sua dor pessoal à medida que sua personagem também engravida. O fato foi uma quebra de protocolo já que na época Hollywood era regida pelo rigoroso Código Hays, que censurava o uso de mulheres mostrando gravidez.

Steve Martin, Diane Keaton & Martin Short

O primeiro remake de “O Pai da Noiva” (Father of the Bride) aconteceu em 1991 com os personagens rebatizados para George Banks (Steve Martin), Nina (Diane Keaton) e Annie (a estreante Kimberly Williams). A direção de Charles Schyer conseguir extrair momentos divertidíssimos se apoiando no talento e no histrionismo de Steve Martin, que cria um milhão de confusões para impedir que sua filha siga adiante com seus planos matrimoniais. O ator, que na época ainda não havia tido filhos, vestiu tão bem o papel de pai emotivo mas trapalhão que repetiu o tipo outras vezes como em “A Casa Caiu” (2003) e “Doze é Demais” (2003). Sua química com a fantástica Diane Keaton era perceptível e, se repetiu cm “O Pai da Noiva 2” (Father of the Bride Part II). A sequência, no entanto, quase ficou desfalcada da personagem de Nina pois Diane Keaton não queria ver sua personagem engravidando, como parte do plot. Convencida por Steve Martin, Diane voltou atrás e trouxe brilho para seu personagem que se torna avó e mãe novamente. Outro personagem marcante é Franck Eggelhoffer, o organizador de eventos matrimoniais completamente sem noção interpretado por Martin Short. Tanto Short como Martin são grandes amigos na vida real, tendo trabalhado juntos em “Três Amigos” (1987) e recentemente repetindo a parceria na bem sucedida série do Star Plus “Only Murders in the Building“. O filme foi outro sucesso e em 2020 o elenco todo se reuniu para uma Live Gravada via Zoom e disponibilizado no canal da Netflix no YouTube, a continuação contou com apresentação de Reese Witherspoon e praticamente todo o elenco original, incluindo Diane Keaton, Steve Martin, Kieran Culkin, Kimberly Williams-Paisley, Martin Short e George Newbern, com o acréscimo de Ben Platt (“The Politician“) e Florence Pugh (“Viúva Negra“) como as versões adultas das crianças dos anos 1990.

Finalmente temos na MAX a mais recente refilmagem com Andy Garcia, Gloria Estefan, Isabela Merced e grande elenco que trouxe um tempero latino a essa divertida história. Billy (Andy Garcia) ama suas três filhas e faz anos que não vê a mais velha do trio, Sofia (Adria Arjona). Mas, para a alegria do pai, ela volta após um ano e recém-formada da faculdade de direito. Ela traz consigo uma surpresa imensa: está noiva. Billy e sua esposa também não andam nada bem no próprio casamento, estão fazendo terapia de casal mas sem sucesso e pela notícia da filha mais velha e das duas mais novas, eles decidem continuar com o casamento de faixada para o bem delas. Contudo, nada deste casório parece normal, Sofia pediu o namorado em casamento, eles querem pagar o casório com o dinheiro próprio, não querem um casamento católico e também, nada cubano. Para o desgosto de Billy, ele fará de tudo para acabar com o casamento da filha antes que seja tarde demais. Aqui uma deliciosa história que é capaz de despertar lembranças de nossas próprias famílias, com muito emoção e humor, o que ultimamente precisamos muito.

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