MGM 100 ANOS | O GRANDE MOTIM

Por Adilson Carvalho

Para começar a série de matérias sobre o acervo clássico da MGM, em seu centenário, vamos lembrar de uma dos roteiros mais vigorosos já filmadas, adaptadas de um fato histórico que marcou a história da navegação. O Grande Motim (Mutiny on the Bounty) foi filmado originalmente por Frank Lloyd (1886 – 1960). Baseado no romance homônimo de autoria de Charles Nordhoff e James Norman Hall, por sua vez baseado num caso real: O motim do HMS Bounty ocorrido a bordo do navio HMS Bounty da Marinha Real Britânica em 28 de abril de 1789 no meio do Oceano Pacífico. Tripulantes insatisfeitos liderados pelo mestre assistente Fletcher Christian tomaram o controle da embarcação das mãos de seu comandante, o tenente William Bligh, deixando-o à deriva abordo de um bote com poucos suprimentos junto com outros dezoito marinheiros. Os amotinados se estabeleceram no Taiti ou nas Ilhas Pitcairn; enquanto isso Bligh conseguiu realizar uma viagem de mais de 6 500 quilômetros no bote até encontrar terra, começando então um processo para levar os amotinados para a justiça.

Para os papeis centrais foram escalados Clark Gable, então com 34 anos, para viver o charmoso Fletcher Christian, e Charles Laughton, então com 36 anos, como o cruel Capitão Bligh. Inicialmente, Clark Gable achou que estava mal escalado como um tenente naval inglês em um épico histórico. No entanto, mais tarde ele disse que acreditava que esse era o melhor filme em que havia estrelado. Gable teve que raspar o bigode, que era sua marca registrada, para esse papel pois bigodes não eram permitidos na Marinha Real durante a época em que a história se passa. Wallace Beery recusou o papel do capitão Bligh porque não gostava de Clark Gable, e não queria ficar preso em uma longa filmagem com ele. O papel ficou com Charles Laughton, que usou as medidas reais do chapéu e das roupas do verdadeiro capitão William Bligh. Para isso, ele perdeu mais de 15 quilos, pois não queria parecer pouco atraente atuando ao lado de Clark Gable. Completando o elenco Franchot Tone como o leal Roger Brayn. Segundo relatos de bastidores, o lendário produtor Irving Thalberg garantiu que Clark Gable e Charles Laughton fossem escalados na esperança de que se odiassem, o que tornaria mais real a luta entre eles na tela. Ele sabia que Gable, um notório homofóbico, ficaria incomodado com a homossexualidade de Laughton. A tensão no set aumentou depois que Laughton levou seu namorado musculoso para a ilha como seu massagista pessoal. Eles eram um casal obviamente dedicado e iam juntos a todos os lugares, enquanto Gable se afastava com repulsa. David Niven e James Cagney tem rápidas aparições como figurantes e o filme foi a produção mais cara da MGM na época, custando cerca de US$ 2 milhões. Indicado para o Oscar nas categorias de melhor ator (Laughton, Gable e Franchot), melhor diretor, melhor trilha sonora, melhor edição e melhor roteiro, a produção ganhou apenas como melhor filme.

Em 1962, a MGM refilmou a história com Marlon Brando, Trevor Howard e Richard Harris nos papeis que foram respectivamente de Gable-Laughton-Tone. O filme foi um desastre com orçamento super inflado, principalmente quando a MGM ordenou a construção real de uma cópia do HMS Bounty, e que virou uma atração turística popular em São Petersburgo, Flórida, por mais de 40 anos até que o furacão Sandy o afundou. Contudo, o mais determinante para o fracasso do filme é atribuído ao comportamento errático de Marlon Brando, que fez exigências absurdas (Como reformar uma casa abandonada por duas semanas para que ele lá se hospedasse, pedir um entrega de vinhos para seu consumo etc) além de atrasos, improvisação de falas que contrariavam o script e confundiam Trevor Howard e Richard Harris, além de ter causado a demissão dos diretores Carol Reed e George Seaton, tendo o filme sido terminado por Lewis Milestone. Em 1984 ainda houve Rebelião em Alto Mar, de 1984, dirigido por Roger Donaldson, estrelado por Mel Gibson, Anthony Hopkins e Edward Fox, considerado a versão mais fiel aos fatos históricos, e indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Esteja de volta ao CinemaComPoesia e vamos no próximo artigo da MGM 100 anos revistar a revolução Russa

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