COLUMBIA PICTURES 100 ANOS

Por Adilson Carvalho

Socialite mimada tenta escapar do controle do pai e se apaixona por um repórter malandro; homem inocente do interior é eleito senador para encobrir a corrupção e degradação dos altos escalões do governo; trapaceiro em jogos de cartas se envolve romanticamente com a mulher de dono de clube noturno e cassino em Buenos Aires; ator perfeccionista e de temperamento difícil resolve se vestir de mulher para disputar um papel feminino em uma telenovela. Todos esses plots tornaram-se filmes de sucesso sob a chancela da Columbia Pictures, último estúdio clássico de Hollywood a ser inaugurado há exatos 100 anos. Vamos conhecer um pouco de sua história e dos filmes realizados em uma série de matérias a partir de hoje e durante todo o mês de janeiro.

O estúdio foi fundado originalmente em 1918 como “Cohn-Brandt-Cohn Film Sales” pelos irmãos Jack e Harry Cohn e pelo melhor amigo de Jack, Joe Brandt. Seu primeiro longa-metragem foi lançado em agosto de 1922, mas a mudança de nome ocorreu em 10 de janeiro de 1924, quando foi adotado o nome Columbia Pictures, nome derivado de Senhorita Colúmbia, a personificação nacional feminina dos Estados Unidos e referência às Treze Colônias que formaram os Estados Unidos, sendo assim usado como o logótipo do estúdio. Em curto tempo o estúdio foi colecionando sucessos de bilheteria e competindo de igual para igual com majors como a Metro e a Warner. A associação dos irmãos Cohn, que não demoraram a comprar a parte de Brandt e controlar 100 por cento do estúdio, com diretores talentosos como Frank Capra e Leo McCarey. O roteiro de Robert Riskin baseado no conto “Night Bus” (1933), de Samuel Hopkins Adams, conferiu à Columbia um feito então inédito quando o filme resultante Aconteceu Aquela Noite (It Happened One Night), com direção de Frank Capra, e estrelado por Clark Gable e Claudette Colbert, tornou-se o primeiro a ganhar todos os cinco principais prêmios Oscar: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Roteiro Adaptado, feito igualado apenas mais duas vezes ao longo de 95 anos.

Gilda

Com Capra e outros, a Columbia se tornou uma das principais produtoras de comédias malucas, cujo custo não era grande mas que gerava grandes bilheterias. A partir da década de 1930, as principais estrelas do contrato da Columbia foram Jean Arthur e Cary Grant (que também trabalhou na RKO Pictures), Katherine Hepburn, Claudette Colbert, Rosalind Russell, Robert Montgomery, e Rita Hayworth que ao lado de Glenn Ford fez o clássico Gilda (1946). A visão empresarial dos irmãos Cohn soube explorar a imagem sedutora e fatal de Rita Hayworth, fazendo o público masculino desejar que Gilda tirasse mais do que apenas as luvas ao cantar Put the blame on mame em Gilda. Saber explorar uma imagem era algo que os irmãos Cohn sabiam muito bem, como por exemplo a série de 190 filmes de curtametragens com os Três Patetas, produzida entre 1934 e 1959. Os curtas do trio enriqueceram os cofres da Columbia, mas não o fabuloso trio. Os irmãos Cohn enganavam Moe, Larry, Curly e Shemp mostrando falsos demonstrativos de que os curtas não atraíam boas bilheterias, quando na verdade eram os curtas do trio de comediantes que vendiam vários dos filmes do estúdio, que não alcançavam o sucesso dos filmes de Capra ou McCarey. Ainda na década de 40, a Columbia realizou dois seriados de super herói com os heróis da DC Comics, que naquela década ainda não pertenciam à Warner: Em 1943 foi O Morcego (The Batman) com Lewis Wilson e Douglas Croft em 15 capítulos, seguido de Batman & Robin (1949) com Robert Lowery e Johnny Duncan, também em 15 capítulos. Um ano antes, a Columbia lançou O Super Homem (1948) com Kirk Alyn e Noel Neill. Devido ao baixíssimo custo, o efeito especial do vôo do Superman era realizado substituindo o ator por um desenho animado.

Os Três Patetas

Nas décadas de 50 e 60, grandes sucessos do estúdio incluíam títulos como A Um Passo da Eternidade (1953), Férias de Amor (1955), A Ponte do Rio Kwai (1957), Anatomia de um Crime (1959), Os Canhões de Navarone (1961), Dr. Fantástico (1965), Ao Mestre com carinho (1967) entre outros, sempre diversificando histórias em vários gêneros e quebrando a imagem da Columbia como estúdio de comédias malucas. Nos anos 70 foi da Columbia que vieram sucessos como Taxi Driver (1976) de Martin Scorcese, Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1878) de Steven Spielberg, e Kramer Vs. Kramer (1979) de Robert Benton, trazendo análise de costumes, obras que conduziam a questionamentos fossem sociais ou científicos, e que consolidaram a empresa como produtora de filmes conteúdistas e altamente rentáveis.

Karate Kid 2

Na década de 1980, o estúdio foi comprado pela Coca-Cola, e em 1983 foi lançada a TriStar Pictures como um empreendimento conjuntivo com a HBO e CBS. Cinco anos depois, a TriStar Pictures foi vendida para a Columbia e a empresa se tornou a Columbia Pictures Entertainment. Foi nesta década que tivemos filmes que alcançaram grande popularidade como Karate Kid (1984), Os Caça Fantasmas (1984), Tootsie (1983), Dublê de Corpo (1984), A Hora do Espanto (1985), La Bamba (1987) entre outros. Depois de um breve período de independência com a Coca-Cola, o estúdio foi adquirido pela empresa japonesa Sony em 1989, que até hoje é a dona do estúdio. Vamos a partir de amanhã conferir artigos com grandes filmes produzidos pela Columbia. A propósito, no parágrafo inicial deste artigo os plots são dos filmes Aconteceu Aquela Noite, A Mulher Faz o homem, Gilda e Toostie.

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