ISTO É FATO… NÃO FITA! AMIZADE E GRATIDÃO ETERNA DE WILLIAM HOLDEN PARA COM BARBARA STANWYCK

Por Paulo Telles

Um dos maiores astros e galãs da Sétima Arte teve sua estreia em 1938 nas telas de cinema, o inolvidável William Holden (1918-1981), que na mocidade de seus 21 anos já era uma promessa dos produtores de Hollywood (e ainda com cara de menino, distante ainda da imagem máscula que viria seduzir as plateias femininas em toda parte do mundo, em filmes como Suplício de Uma Saudade ou Férias de Amor, ambos de 1955). Entretanto, a alavancada deste grande mito foi bem difícil.

Tudo começou quando o jovem Holden foi escalado para ser o terceiro ator principal no drama Conflito de Duas Almas (The Golden Boy), em 1939, realizado pela Columbia e com direção de Rouben Mamoulian (1897-1987), e teve que contracenar com os consagrados Adolphe Menjou (1890-1963) e a fascinante Barbara Stanwyck (1907-1990). Mamoulian foi quem escalou Holden para o papel depois de ter vistos seus inúmeros testes, a contragosto do antipático chefe da Columbia, o nada popular Harry Cohn (1891-1958), que não queria Holden para o filme.

Inexperiente (o que deixava o jovem ator em situação difícil perante aos astros principais), Holden acabou dando enorme trabalho para Mamoulian, que de forma alguma poderia permitir o fracasso do então iniciante, senão ficaria mal com Cohn. Para isso, Holden começou a trabalhar 17 horas por dia, estudando, dedicando-se ao violino e treinando boxe para adquirir o necessário realismo em sua atuação no ringue, já que interpretava um jovem pugilista que também tinha talento para a música. Muito agitado, ligava meia dúzia de vezes por dia para a mãe. Após cabeçadas e mais cabeçadas, com as complicadas cenas emocionais do filme, Holden deu sinais de eminente colapso nervoso. Entretanto, a experiente colega Barbara Stanwyck estendeu-lhe a mão amiga em sinal de socorro, apoiando-o por todos os meios e modos, trabalhando com o iniciante ator por longas horas.

Barbara Stanwyck e William Holden em CONFLITO DE DUAS ALMAS, de Rouben Mamoulian, clássico de 1939.

O progresso de Holden foi surpreendente, resultado dos esforços mantidos pelo inexperiente ator de 21 anos e a experiente atriz de 32 nessa rotina árdua de trabalho e ensaios, durante várias semanas. Segundo Mamoulian, Babs (apelido da atriz) não deixava que as tomadas de cenas fossem reveladas, mesmo se ela estivesse bem, se a atuação de Holden não fosse a melhor que se pudesse conseguir. Babs foi a fada madrinha do jovem e novato William Holden, que nunca esqueceu de sua solidariedade para com ele e desprendimento em seu início de carreira.

Holden e Barbara no Oscar de 1978

E Conflito de Duas Almas (Golden Boy, 1939) conquistou o público e a crítica, e William Holden passou a ser um astro popular no cinema. Até sua morte a 16 de novembro de 1981, Holden enviava para Barbara rosas vermelhas em cada aniversário de início das filmagens de Golden Boy. Em 1982, quatro meses depois da morte do ator, Barbara Stanwyck foi agraciada com um Oscar especial durante as premiações da Academia naquele ano, e dedicou o tributo ao querido amigo William Holden.  Babs levantou o troféu, olhou para cima e pronunciou em lágrimas:

Bill sempre me disse que desejaria ver-me ganhando um Oscar. Pois bem, meu querido…aqui está! Dedico este prêmio especial a você meu Golden Boy!

Um Caso em nossos registros, afinal Isto é Fato…Não Fita!

Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.

https://cineretroboavista.blogspot.com/

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