CLÁSSICO REVISITADO : CASABLANCA – 80 ANOS (2ª PARTE)

Por Adilson Carvalho (Assista “Casablanca” na Oldflix – o streaming dos clássicos)

Celebrando os 80 anos desse clássico maravilhoso, vamos lembrar de mais curiosidades . “Casablanca” teve sua premiére em 26 de Novembro de 1942, coincidindo com a libertação do Norte da África pelo exército americano, e lançado  dois meses depois. O filme teve 8 indicações ao Oscar : Melhor filme, diretor (Michael Curtiz), roteiro adaptado (Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch) , ator (Humphrey Bogart) , ator coadjuvante (Claude Rains), fotografia ( Arthur Edeson), edição (Owen Marks) e trilha sonora (Max Steiner), ganhando nas três primeiras. O tempo o fez ainda melhor e foi eleito pelo AFI (American Film Institute) como o segundo melhor filme da história do cinema.

Bogart & Bergman

O Elenco : Demoraria mais 9 anos para que Humphrey Bogart levasse afinal o Oscar de melhor ator por “Uma Aventura na África” dirgido pelo amigo John Houston. O papel de Rick Blaine ajudou a construir a aura romântica de Bogart que vinha de uma série de papéis de gangsters, e depois se notabilizou como a figura icônica do detetive dos filmes noir. Curiosamente, Ronald Reagan havia sido cotado para o papel de Rick. A sueca Ingrid Bergman havia recém chegado a Hollywood quando foi escalada para o papel de Ilsa Lund no lugar da inicialmente cotada Ann Sheridan. Bergman ganharia Três Oscars em sua carreira (dois como melhor atriz por “A Meia Luz” em 1945 e “Anastacia a Princesa Perdida” em 1957 e um de coadjuvante em 1974 por “Assassinato no Expresso do Oriente”. Foi o alvo de fofocas quando, no auge de seu sucesso em Hollywood,  deixou marido e filha e partiu para a Itália com o diretor Roberto Rossellini por quem tinha se apaixonado. O Austro-Húngaro Paul Henreid teve, além do papel de Victor Lazslo, outro papel marcante no cinema protagonizando ao lado de Bette DavisA Estranha Passageira” (Now, Voyager) também de 1942. Juntou-se a Humphrey Bogart e um grupo de opositores do MacCarthismo quando vários profissionais perdiam emprego por acusações de serem comunistas. Na década de 50, sua carreira cinematográfica começou a decair e dirigiu vários episódios da série de TV “Alfred Hithcock Presents”.

O começo de uma bela amizade

        O ator Inglês Claude Rains, o Capitão Renault, atuou em diversos filmes fosse como principal ou coadjuvante como “O Homem Invisível” (1933), “O Fantasma da Ópera” (1943), “A Mulher Faz o Homem” (1939), “As Aventuras de Robin Hood” (1938), “Interlúdio” (1946), “O Lobisomem “ (1941) entre outros.Neste último interpretou o papel que coube a Anthony Hopkins na refilmagem de 2010. Lutou na Primeira Guerra e como consequência de um ataque era quase cego de um olho. Os atores Peter Lorre e Conrad Veidt vieram da Europa. Lorre era Áustro-Húngaro e protagonizou o clássico do expressionismo alemão “M – O Vampiro de Dusseldorf” de Fritz Lang em 1931, tendo trabalhado na primeira versão de “O Homem que sabia demais” de Hithcock em 1935, além de “Relíquia Macabra” (1941) –  em que contracenou também com Humphrey Bogart – “ 20000 Léguas Submarinas” (1954) entre outros. Já Conrad Veidt era alemão e trabalhou também em vários filmes expressionistas como o clássico “O Gabinete do Dr.Caligari” (1920) , além de “O Homem que Ri” (1928), que serviu de modelo para Bob Kane criar o vilão Coringa nas histórias em quadrinhos do Batman. Veidt deixou a Alemanha por se opor ao partido Nazista mas fez poucos trabalhos no cinema americano morrendo de ataque cardíaco em 1943.

Humphrey Bogart & Peter Lorre

              Ainda na década de 40, os Irmãos Marx com seu humor demolidor, já parodiavam o filme em “Uma Noite em Casablanca”, sendo uma entre as diversas paródias já realizadas. Nenhum outro filme alcançou aura tão mítica, entrando para a história do cinema americano com falas tão memoráveis, inclusive uma que nem sequer é falada no filme e que se popularizou com o passar do tempo : “Play it again, Sam” que serviu de título para uma comédia de Herbert Ross com Woody Allen (Sonhos de um Sedutor) em que este aparece tomando lições de sedução do espírito de Humphrey Bogart em pleno ano de 1972, mas com toda aquela atmosfera recriada direta de Casablanca. O apelo imortal do filme, produzido por Hal B.Wallis para a Warner Brothers, que recriou o exotismo do Marrocos em estúdio, mantém o mesmo fascínio que há 70 anos atrás , mostrando que o amor verdadeiro nunca vem dissociado do sacrifício e que as coisas que realmente importam permanecem enquanto o tempo passa.

Deixe um comentário